Principais destaques
- Google anuncia o algoritmo DQI, capaz de resolver certos problemas exponencialmente mais rápido que computadores tradicionais.
- A técnica transforma desafios de otimização em tarefas de decodificação, inspiradas em códigos de correção de erros usados em DVDs e QR Codes.
- Embora ainda teórico, o algoritmo pode indicar o caminho para aplicações quânticas práticas dentro de cinco anos.
Um salto para a vantagem quântica
O Google Quantum AI revelou um novo algoritmo chamado Interferometria Quântica Decodificada (DQI).
A novidade, publicada originalmente na revista Nature, promete acelerar certos tipos de cálculos de otimização de forma exponencial, representando um dos avanços mais concretos rumo à vantagem prática da computação quântica.
Desenvolvido em colaboração com pesquisadores de Stanford, MIT e Caltech, o algoritmo usa padrões de interferência quântica para lidar com desafios que vão desde o planejamento de rotas aéreas até a descoberta de medicamentos.
Segundo o grupo, o DQI seria capaz de resolver tarefas que exigiriam mais de 10²³ operações em computadores clássicos com apenas alguns milhões de operações quânticas.
Transformando otimização em decodificação
O diferencial do DQI está na forma como ele reformula o problema.
Em vez de tentar otimizar diretamente, o algoritmo converte o desafio em uma tarefa de decodificação de dados, semelhante à usada em comunicações digitais para corrigir erros de transmissão.
Um exemplo prático é o da interseção polinomial ótima, que busca ajustar um polinômio a um conjunto de pontos de dados.
Nesse contexto, o DQI transforma o problema em uma decodificação de códigos Reed–Solomon, a mesma tecnologia que garante o funcionamento confiável de DVDs e QR Codes.
De acordo com Stephen Jordan e Noah Shutty, cientistas do Google Quantum AI, essa abordagem explora estruturas matemáticas internas que facilitam o trabalho do algoritmo quântico, algo que não beneficia, da mesma forma, as técnicas clássicas conhecidas.
Especialistas como Scott Aaronson, da Universidade do Texas em Austin, ressaltam a importância do avanço. Para ele, o DQI se soma ao seleto grupo de algoritmos quânticos que realmente demonstram vantagem sobre as abordagens tradicionais.
Entre o potencial e as limitações
Os resultados mais promissores aparecem em problemas com uma estrutura algébrica bem definida. Já para casos mais genéricos, o desempenho é menos impressionante.
Pesquisadores do próprio Google e do MIT observaram que o DQI enfrenta limitações intrínsecas em problemas não estruturados, onde fatores topológicos podem restringir a vantagem quântica.
Mesmo assim, o Google acredita que o DQI marca uma nova fase de maturação da pesquisa. Junto com o anúncio, a empresa apresentou uma estrutura de cinco etapas que define o caminho até aplicações quânticas práticas, focando na descoberta de algoritmos e conexões reais com casos de uso de mercado.
Por enquanto, o DQI ainda é teórico: ele depende de um hardware que suporte milhões de qubits com correção de erros, algo bem além da capacidade atual.
No entanto, o Google estima que aplicações quânticas reais poderão surgir dentro de cinco anos, à medida que o hardware se aproxima do nível necessário de tolerância a falhas.
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