Principais destaques:
- Google não divulgará seu relatório anual de diversidade pela primeira vez desde 2014.
- Microsoft e Meta seguiram o mesmo caminho, citando “novos formatos de comunicação”.
- Decisão ocorre em meio a um cenário político nos EUA menos favorável a políticas de diversidade e inclusão.
Uma decisão que marca o fim de uma era de transparência
Depois de 11 anos publicando relatórios anuais sobre diversidade, equidade e inclusão, o Google decidiu não divulgar novos dados sobre a composição de sua força de trabalho em 2025. A prática começou em 2014, impulsionada pela pressão de grupos de direitos civis e consolidou a empresa como uma das mais abertas sobre números de gênero e raça entre os grandes nomes da tecnologia.
Fontes internas afirmam que não há planos para uma nova edição do Relatório de Diversidade do Google neste ano. Microsoft e Meta também confirmaram que não publicarão dados similares, encerrando uma tradição de transparência que vinha sendo seguida há uma década no setor.
A justificativa varia. Enquanto a Microsoft afirma estar “evoluindo para formatos mais dinâmicos e acessíveis”, como vídeos e histórias, a Meta não comentou o motivo da decisão. O Google, por sua vez, manteve silêncio sobre o assunto.
O impacto político e o clima nas empresas de tecnologia
A suspensão dos relatórios de diversidade ocorre pouco tempo após o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 2025. O novo governo adotou uma postura contrária a políticas corporativas de diversidade, ordenando que agências federais “combatam práticas que priorizem identidade sobre mérito”.
Na prática, essa diretriz levou grandes empresas, como Google e Meta, a reverem metas de contratação de minorias e a retirarem menções a “diversidade e inclusão” de seus sites e relatórios. De acordo com funcionários e porta-vozes, houve também cortes em fundos destinados a eventos e treinamentos voltados à representatividade dentro das corporações.
Trabalhadores do Google afirmam que equipes focadas em iniciativas de diversidade foram realocadas ou perderam espaço internamente. O sindicato Alphabet Workers Union classificou a ausência de um relatório em 2025 como “um sinal preocupante de recuo” e uma possível tentativa de ocultar retrocessos nos números.
As empresas que decidiram continuar e o que está em jogo
Nem todas as gigantes da tecnologia abandonaram a prática. Apple, Amazon e Nvidia divulgaram seus relatórios de diversidade normalmente este ano. Esses documentos mostram que, globalmente, cerca de 70% dos funcionários ainda são homens, e, nos Estados Unidos, 40% são brancos — números que revelam avanços lentos, mas contínuos.
Os relatórios de diversidade não são apenas simbólicos. Historicamente, eles serviram de base para campanhas por equidade, além de embasar ações judiciais e pesquisas da Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego dos EUA (EEOC), que apontou que a discriminação segue sendo um fator relevante na baixa representatividade de mulheres, negros e hispânicos no setor de tecnologia.
Defensores de políticas de inclusão alertam que o abandono da transparência enfraquece os mecanismos de mudança dentro da indústria. Para Yusef Jackson, líder da organização Rainbow PUSH Coalition, manter a divulgação de dados é uma questão estratégica: empresas mais diversas tendem a entender melhor seus públicos e a desempenhar melhor no mercado.
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